Cordel e Poesia

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Biografia do Poeta Cordelista Silva Dias

Biografia do Poeta Cordelista Silva Dias: sua origem, suas histórias e causos

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Poesias de N a Z

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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

FLERTE: Silva Dias


Riso que me adoça o íntimo
Dissolve-se a dor e o amargo
Feito rio afluente, influente e largo,    
Logo, há metamorfose, cláusula do ritmo.

Reluz e, feito raio, flecha-me o peito
A Íris de um mirar-se judicioso
Flechado, flecho-me em ti, num ato audacioso
E, rio abaixo, em risco, o fulgurar perfeito.

Abordo do tronco desse riso, remo
Rumo a um horizonte imenso
Navego a Vênus, ventre, leito estremo

Dilúvio de desejo a mar intenso
No incógnito das águas, prazer num riso terno
            Fiz-me em Peri, Ceci amada, neste idear eterno.

SENDA TECIDA DE VERMELHO: Silva Dias


De tanto os seus olhos
Optarem, em foco, apenas
Pelas minhas deformidades
Fui convertido em desgraça,
Todo esse infortúnio
Que sou,
Alimentou o seu ódio, ódio, ódio...
Quanto ódio!
Pois eu não presto, não presto, nunca presto
E ainda estou sendo modesto,
Pois esse infortúnio é
Sangue que ferve
E corre na veia de um gênio ofídico
Palavras?
Expelidas peçonhas que
Apunhalam-me a todo instante
E,
De tão apunhalado,
Sinto a minha senda definhando
Na angústia
Pela sobrevivência...
Quanta demência!
Senda tecida de vermelho
E o meu espelho,
Agora,
É somente vertigem, vertigem, vertiii...
Ver-te, gemo
Virou vício
O abrir da boca geniosa,
Língua vertiginosa,
Vício maldito, conflito, conflito, confii...
O vício é uma boca maldita
A boca maldita faz-se pelo vício
De se maldizer, de maldizer-te
De maldizer-me a todo instante
Choque, chocante, chocante, chocaaan...
Xôoooo!!!!, Caaannte, caaaante, caaaante,
Canto, sim, canto em meu canto,
Pois, em meu canto, com um canto,
Esse mal,
Para bem longe,

Eu espanto.

POÊMICO: Silva Dias


Eu sou o pó,
Sou a eira, sou a breza, sou a beira,
Eu pó, eu eira, eu breza, eu beira
Eu sou a pobreza à beira do pó
Eu pó, eu pró, eu fé, eu tico
Pó-Profético.

Eu sou o pó,
Sou o li, sou o vale, sou a lente
Eu pó, eu li, eu vale, eu lente
Polivalente.

Eu sou o pó,
Sou o é, sou a ética?
Eu pó, eu é, eu ética
Poética.

Eu sou o pó,
Sou o leme, sou o êmico
Eu? Polêmico
Eu pó, eu leme, eu êmico, eu mico,
Eu? Poêmico.

Eu sou o pó,
Sou o P, sou o O, sou o E, sou o M, sou o A,
Eu pó, eu ema

Eu? Poema.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A CARA DA MINHA PÁTRIA: Silva Dias


Eu sou a cara do medo,
Segurança insegura,
Certeza de impunidade,
A lei da total loucura,
Suborno e violação,
Mas não conheço prisão
Roubar também é cultura.

Sou covil de fraudadores,
Berço da corrupção
De tantos Nicos Lalaus,
Toda espécie de ladrão.
O político incompetente,
A angústia do inocente 
Implorando solução.

A imagem do descaso
Com o sofrimento infantil,
A face triste do medo
Neste mundo doentio,
O mendigo e a solidão,
Sou a luz e a escuridão
Dessa pátria mãe hostil.

País da bola, da ginga,
Do esporte campeão,
Alegria dos festejos,
Carnaval e São João,
A orgia do puteiro,
Sacanagem o ano inteiro
Sem qualquer preocupação.

Sou o perdido analfabeto
Abraçado à ignorância,
Explorado pelo ódio,
Pelos punhos da ganância.
Nos becos do contrabando
Continuo traficando,
Pois não me dão importância.

Um coração maltratado
Agonizando à toa,
Olho que enxerga e não vê
O sentimento que voa.
Há tristeza no meu riso,
Pois não tenho o que preciso
E o meu grito não ecoa.

Eu sou o desesperado
Vegetando nas vielas
Com ratos, surtos e balas
Que comandam as favelas
Nos guetos do preconceito
Sou a causa e o efeito
De incontroláveis mazelas.

A verdade que machuca
Nesta bruta realidade,
A tristeza da notícia.
Sou vítima da crueldade,
O forte clamor da pobreza,
Uma geração indefesa
Implorando liberdade.

Sou a agonia presa
Cortando meu próprio eu,
A lágrima derramada
Do filho que se perdeu
Sem colo para dormir,
Sem um carinho sentir
E na solidão morreu.

Uma faca de dois gumes
Para melhor te cortar,
Estrela que não é vista
Porque não pode brilhar,
A ponta de um espinho,
Filhote longe do ninho
Tentando se encontrar.

A lida do dia a dia,
Tua calejada mão,
A pele que é tão queimada
Do sol quente do sertão,
Santo suor derramado,
Mas nunca valorizado
Por causa da ingratidão.

Sou o reflexo da miséria,
A folha que já secou,
A miragem num deserto,
O fruto que não vingou,
O certo ainda errado,
Pobre que vive humilhado
E a casa que desabou.
Sou o rio poluído,
A chuva que não caiu,
A dor de ser tua mágoa,
Piada que ninguém riu,
O beijo que não foi dado,
O sabor desaprovado,
Prazer que ninguém sentiu.

A floresta definhada,
Flor que não desabrochou,
Um jardim agonizando
E o jardineiro que chorou,
Pássaro que já não canta,
Semente que não se planta,
Canção que ninguém cantou.

Sou a Letra em decadência,
Música sem melodia,
A aberração do sucesso, 
A mais completa baixaria.
A poesia não lida,
Lembrança já esquecida,
País da hipocrisia.

Mas ainda acredito
Na esperança em mim.
Há uma luz no fim do túnel,
Deixarei de ser ruim
Curando, pois, minha dor
Serei apenas amor

E alegria sem fim.

NAS FILAS DO HOSPITAL : Silva Dias



Todos nós podemos ver
O mundo atualmente
O homem vive a sofrer
Todo mundo está doente
A miséria em excesso
Desafia o progresso
Da medicina atual
Idosos vivem gemendo
Crianças estão morrendo
Nas filas do hospital.

Para analisar de perto
A situação de horror
Não precisa ser esperto
Basta sentir uma dor
De barriga, ou de cabeça
Apenas que adoeça
E diga que passa mal
Você será humilhado
Esquecido e maltratado
Nas filas do hospital.
  
Foi o que aconteceu
Comigo um certo dia
Meu corpo todo doeu
Por causa d’uma alergia
Pra ela não me matar,
Um médico, fui consultar
Porque não era normal
Aquilo que eu sentia,
Mas quase que eu morria
Nas filas do hospital.

Começou de madrugada
Meu terrível sofrimento
A fila ali formada,
Crescia a todo o momento
Esperava pelas senhas
Escutando as resenhas
Tal e coisa, coisa e tal.
As senhas foram acabando
E as pessoas reclamando
Nas filas do hospital.

Quem a senha recebeu
Uma ficha tem fazer,
Mas nem para todos deu...
O que podemos dizer?
O pobre atura tormento
Péssimo atendimento
E isso tudo é real
Depois de pagar imposto
A gente só tem desgosto
Nas filas do hospital.

Depois de fazer a ficha
Continuei na espera
Na demora se capricha,
Quem quer saúde tolera...
Médicos não aparecem
Miseráveis desfalecem
Em um corredor mortal
Coitados! Não têm direito
Nem o mínimo de respeito
Nas filas do hospital.

Muita gente foi embora
Pois, vaga não conseguiu
D. Mariquinha Chora,
Mas Seu Mário prosseguiu
Em busca de providência
Foi até a emergência...
Outra fila infernal!
Têm idosos desmaiando,
Gente sangra implorando
Nas filas do hospital.

São quase dez da manhã
Não tem Ginecologista;
Faltou o Dr. Natã,
Também, não vai ter dentista;
“A Pediatra, só sexta!
Eu tenho cara de besta?
Só um Clínico Geral
Não atende todo mundo!”
É um desgosto profundo
Nas filas do hospital.

- Enfermeira me ajude!
Grita a mulher gestante
- Eu já fiz tudo o que pude,
Me deixe por um instante!
Dr. Severino já vem...
Tem que aguentar, meu bem,
Essa dorzinha, afinal,
Não vai acabar contigo!
Mulher recebe castigo
Nas filas do hospital.

Um homem, num acidente,
Levou um corte na veia
E sangra constantemente,
Mas a UTI tá cheia.
É grave a situação
Ninguém lhe dá atenção
Sofrer aqui é normal
Nessa cena dolorida
Pessoas perdem a vida
Nas filas do hospital.

Uma mulher com anemia
Está trêmula de fome
Já passou de meio dia
Só então chamam seu nome
Nessa triste condição
Leva uma reclamação
De um médico brutal
Que mal lhe dá uma receita.
Pobre, de tudo, aceita
Nas filas do hospital.

Essa falta de respeito
À saúde minha e sua
É o retrato perfeito,
A verdade nua e crua
Da dura situação,
Mas Deus tem a solução
Pra este mundo letal
Jesus Cristo, nossa cura,
Dará fim na amargura

Das filas do hospital.

O POLÍTICO E O POVO


Tenho analisado o mundo
E vejo como é cruel,
Tão amargo quanto o fel
Digo e não me confundo
Basta olhar um segundo
Pra enxergar a figura,
A estável estrutura
Deste mundo condenado.
Onde o pobre é humilhado
Na porta de Prefeitura.
  
Em tempo eleitoral,
Políticos vão para as ruas
Abraçar crianças nuas
Até na zona rural.
Em uma ação imoral
De demagogia pura,
Abusam da má postura
Pra conquistar o coitado
Que será logo humilhado
Na porta da Prefeitura.

Assim age o Deputado,
Vereador e Prefeito.
É sempre do mesmo jeito
Um jogo sujo e manjado.
Mas, o pobre, acostumado
Quando o político segura
Sua mão com falsa ternura,
Confia no desgraçado
Pra depois ser humilhado
Na porta da prefeitura.
  
Promete o candidato,
Num discurso eficiente,
Emprego pra muita gente
Em tempo imediato.
Diz que vai fazer contrato
Dar apoio à cultura,
Acabar com a amargura
De quem vive abandonado,
Mas deixa o pobre é humilhado
Na porta da prefeitura.
  
E assim vai conseguindo
Seu imundo objetivo,
Enganando o cativo,
A todo tempo, mentindo
De cara lisa, sorrindo,
Pois sua tática é obscura,
E o eleitor Indouto atura
Como um hipnotizado
Pra depois ser humilhado
Na porta da prefeitura.

O político vai fazendo
Suas promessas em excesso:
-Eu vos trarei o progresso
Que o outro ficou devendo...
Sei que vocês tão querendo
É um governo de fartura,
Sem fraude, sem ditadura.
E o povo diz: - Apoiado!
Pra depois ser humilhado
Na porta da prefeitura.

-Vou fazer estrada nova
Das velhas, tapar buracos.
Aos adversários fracos,
Prometo dar grande prova...
Porém, nada se renova
Ninguém vê a estrutura
Conversa fiada pura!
O povo foi enganado
Pra depois ser humilhado
Na porta da prefeitura.

- Eu vou construir mais praça
Para o lazer do  meu povo
Construir um hospital novo
Para atender de graça...
Mas, olha só que desgraça,
Seu governo é só fissura
E acaba em desventura
O compromisso firmado.
Eleitor é humilhado
Na porta da prefeitura.

Quando acaba o discurso
Vêm os apertos de mão,
Abraça Zé e João
Durante todo percurso.
Nesse forçado recurso,
Pois tudo é só frescura,
Sente a temperatura
Do povo menosprezado
Que será logo humilhado
Na porta da prefeitura.

Essa é a filosofia
Astuta e oportunista
Onde o protagonista
Não poupa hipocrisia.
Explora gente vazia
Vítimas dessa tortura
Que parece não ter cura
E deixa a gente revoltado.
É duro ser humilhado
Na porta da prefeitura!

Povo sem conhecimento
É frágil, inconsistente.
Seu voto é inconsciente...
Um ato sem fundamento.
Por um saco de cimento
Aprovam candidatura.
O Infeliz, em loucura,
Aceita ser explorado,
Extremamente humilhado
Na porta da prefeitura.

O quadro de logração
Sabemos que prevalece.
O Facínora enriquece
À custa do cidadão.
Salário + mensalão
Tem que constar na fatura.
Tudo é parte da cultura
De um povo aviltado
Carente e sempre humilhado
Na porta da prefeitura.

-Vou fazer estrada nova
Das velhas, tapar buracos.
Aos adversários fracos,
Prometo dar grande prova...
Porém, nada se renova
Ninguém vê a estrutura
Conversa fiada pura!
O povo foi enganado
Pra depois ser humilhado
Na porta da prefeitura.

- Eu vou construir mais praça
Para o lazer do  meu povo
Construir um hospital novo
Para atender de graça...
Mas, olha só que desgraça,
Seu governo é só fissura
E acaba em desventura
O compromisso firmado.
Eleitor é humilhado
Na porta da prefeitura.

Quando acaba o discurso
Vêm os apertos de mão,
Abraça Zé e João
Durante todo percurso.
Nesse forçado recurso,
Pois tudo é só frescura,
Sente a temperatura
Do povo menosprezado
Que será logo humilhado
Na porta da prefeitura.

Essa é a filosofia
Astuta e oportunista
Onde o protagonista
Não poupa hipocrisia.
Explora gente vazia
Vítimas dessa tortura
Que parece não ter cura
E deixa a gente revoltado.
É duro ser humilhado
Na porta da prefeitura!

Povo sem conhecimento
É frágil, inconsistente.
Seu voto é inconsciente...
Um ato sem fundamento.
Por um saco de cimento
Aprovam candidatura.
O Infeliz, em loucura,
Aceita ser explorado,
Extremamente humilhado
Na porta da prefeitura.

O quadro de logração
Sabemos que prevalece.
O Facínora enriquece
À custa do cidadão.
Salário + mensalão
Tem que constar na fatura.
Tudo é parte da cultura
De um povo aviltado
Carente e sempre humilhado

Na porta da prefeitura.